top of page

PROGRAMAÇÃO DETALHADA

Painéis

GRUPO A

1. RELAÇÕES DE ESPAÇO NA LÍNGUA ESCRITA

Helen Martins RODRIGUES (UNESP – São José do Rio Preto)

Prof. Dr. Roberto Gomes Camacho

 

Palavras-chave: espaço; região; relação.

O espaço pode ser compreendido como uma categoria espacial, pois é nele em que se assentam nossos modelos mentais do mundo físico e de aspectos menos concretos da nossa experiência, ambos codificados por preposições e advérbios. Neste projeto, adotaram-se os princípios teóricos da Linguística funcional e funcional cognitiva a fim de descrever e analisar o funcionamento da categoria espaço na língua portuguesa, que compreende regiões e relações espaciais, isto é, adjuntos adverbiais e complementos de verbos transitivos locativos, respectivamente. A partir de textos críticos que compõem a revista CartaCapital, obteve-se uma amostra de 500 dados em que sobressai o uso de preposições (em, de, sobre etc.) e advérbios (fora, dentro etc.) em sintagmas preposicionais. Para a análise dos dados, adotou-se uma série de parâmetros funcionais que recaem sobre o tipo morfológico da preposição empregada, a natureza morfossintática e semântica da expressão espacial e a natureza semântica da figura e do fundo. Além disso, analisou-se a extensão cognitiva da locação espacial considerando as percepções física e abstrata do espaço. No que concerne à semântica das expressões, há mais casos de regiões espaciais, codificadas, em sua maioria, por preposição simples. Com relação à extensão cognitiva, a maioria das locações corresponde ao domínio físico de nossa percepção. No que diz respeito à natureza semântica da locação, observou-se que a maioria das relações é constituída por alativo e a maioria das regiões é formada pela noção de interioridade. Os resultados obtidos permitiram validar a proposta de Hengeveld (2010) acerca das projeções de proximidade, contato e contenção nas nove regiões espaciais. A análise e descrição dos argumentos locativos de verbos de estado e de movimento, denominados ‘relações espaciais’ (HENGEVELD, 2010), permitiram inferir dados relevantes sobre a transitividade verbal do tipo que toma complemento locativo, a que pouca atenção é devotada pela tradição normativa de gramática.

2. LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO CONTO “A LEGIÃO ESTRANGEIRA”, DE CLARICE LISPECTOR.

 

Natasha Naves ZAMPIERI (UNESP – São José do Rio Preto)

Prof. Dr. Arnaldo Franco Júnior

 

Palavras-chave: Psicanálise, Literatura, Clarice Lispector.

 

Nesta pesquisa, analisamos e interpretamos o conto “A legião estrangeira”, de Clarice Lispector, dando enfoque, na leitura, as relações entre Literatura e Psicologia/Psicanálise. O interesse no conto nasceu ao observar a personagem principal que protagoniza um conflito entre os planos emocional e racional, entre as paixões (emoções) e a razão, fato que gerou a oscilação entre uma e outra no desenvolvimento da ação dramática. Assim, oferece ao leitor uma possibilidade de estudar os aspectos psicológicos/psíquicos ligados ao seu modo de agir e pensar. Partindo disso, procuramos desenvolver o nosso estudo com uma análise imanente do conto, articulando-o com os conhecimentos advindos das leituras teóricas de literatura e de psicologia/psicanálise, de modo crítico. Vale lembrar que as histórias sempre são representações da realidade, e representações são uma construção a partir de algo que causam a ilusão de se estar diante de algo real e da própria realidade. A leitura de “O mal estar de civilização”, de Sigmund Freud, possibilitou relacionar o grotesco e a desautomatização, características da autora, com o conto, pois nele observa-se, primeiramente, o amor de Ofélia, uma criança, por um pintinho, que se mistura com o ódio e com a inveja por alguém possuí-lo, alguém esse que é narradora do conto. Com tal situação a menina é capaz de matar o pintinho que ama para atingir e entristecer o outro, tematizando uma disposição pulsional originária do ser humano, uma maldade fundamental e irredutível. Com isso o leitor se desnorteia frente a textos em que a realidade se mostra tão crua, pois ocorre o desequilíbrio quanto à beleza clássica literária cultivada, porém tudo isso é feito de forma calculada, Clarice utiliza a técnica de dissimulação do horror, uma moldura inocente com um enredo terrível, trazendo jogos metafóricos e simbólicos, exigindo bem mais do leitor como um co-autor.

GRUPO B

1. TOPICALIZAÇÃO E A MODALIDADE VISUAL-ESPACIAL: O DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO DO INDIVÍDUO SURDO

 

 Juarez Domingos CRESCÊNCIO NETO (UNESP – São José do Rio Preto)

Prof. Dr. Edson Rosa Francisco de Souza

 

Palavras-chaves: Gramática Discursiva-Funcional; LIBRAS; Surdez; Modalidade visual-espacial.

 

A linearização dos constituintes argumentais nas sentenças das línguas naturais é motivada por princípios pragmáticos, como, por exemplo, a topicalização (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008). Neste trabalho, entendemos que a topicalização, compreendida como um processo pragmático de organização informacional, ou seja, o tópico sobre o que se diz algo, pode também operar em línguas de sinais. Para Hengeveld e Mackenzie (2008), tópico é a função pragmática atribuída a um constituinte para assinalar como o conteúdo comunicado se relaciona ao registro construído gradualmente no componente contextual. Mais especificamente, pretendemos analisar alguns aspectos gramaticais da LIBRAS, buscando compreender de que maneira sua modalidade visual-espacial interfere na organização linguística do indivíduo surdo, em especial no que se refere à topicalização. Quadros (2004) nos mostra que a ordem mais básica dos constituintes em LIBRAS seria a SVO, ao passo que as demais variações seriam construções marcadas, apresentando, pois, algum tipo de restrição em seu contexto de uso. Avançando na proposta, Ferreira (1997) afirma que a LIBRAS seria uma língua de orientação tópica, com construções como “O urso, o leão atacar”, “Pesquisar, ela não-gostar” (FERREIRA, 1997, p. 33). Quadros (2004) afirma que construções tópicas relacionam-se à referência locativa, estabelecendo uma relação sintático-pragmática no que diz respeito ao ‘locus’ espacial, considerando-o como uma valência do verbo “manual”. Assumimos, portanto, que o locus e que a direcionalidade do verbo são responsáveis por determinar tanto o Sujeito, como o Objeto da oração. Pretendemos, em nossa investigação, verificar, em amostras da comunidade surda do noroeste paulista, de que maneira a topicalização está ou não atuando na ordenação dos constituintes. Para tanto, valemo-nos do arcabouço teórico da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), por se basear em uma organização ‘top-down’, partindo das intenções comunicativas até a expressão, indicando, assim, uma orientação pragmática da linguagem, enfoque inovador na descrição da gramática da LIBRAS.

2. NARRADOR E FOCO NARRATIVO: TEORIA E APLICAÇÕES NO ROMANCE AS VISITAS QUE HOJE ESTAMOS, DE ANTONIO GERALDO FIGUEIREDO FERREIRA

Jessica ROBERTI (UNESP – São José do Rio Preto)

 Prof. Dr. Arnaldo Franco Junior

 

Palavras-chave: narrador; foco narrativo; perspectiva narratológica

A pesquisa visa estudar os temas de teoria literária narrador e foco narrativo, desenvolvendo uma análise acerca de suas características, suas funções e seus efeitos aplicados, especificamente, à obra “As visitas que hoje estamos”, de Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira. A base original da pesquisa se dá nas concepções de Norman Friedman, Gérard Genette e Jean Pouillon, principalmente, sobre os papeis do narrador e do foco narrativo no romance. Investigaremos características do narrador e da focalização, seus efeitos, funções e possibilidades de perspectivação a partir da análise das dinâmicas da focalização na obra que, por sua vez, é rica em possibilidades de perspectiva narratológica e de focalização narrativa. A metodologia de pesquisa é de cunho descritivo-interpretativo, de caráter estritamente bibliográfico, fundamentada na análise e interpretação do romance objeto de estudo e dos textos teóricos de base da pesquisa. Os objetivos almejados ao final desta pesquisa são: estabelecer uma relação entre os temas focalização e narrador, no âmbito da Teoria da Narrativa, e o romance objeto de estudo; desenvolver uma análise crítico-literária do romance a partir da perspectiva teórica; desenvolver um projeto teórico que conte, também, com o estudo aprofundado a respeito da dinamicidade do narrador e da focalização na obra selecionada.  A articulação de estudo de teoria com análise e interpretação da obra proporciona, além de um aprendizado mais aprofundado, no âmbito da teoria literária e dos recursos narratológicos a possibilidade de divulgar, futuramente, cumprindo um percurso diático, o conhecimento construído ao longo da pesquisa no âmbito dos estudos literários, propriamente ditos, uma vez que a produção literária selecionada, além de recente, em termos de circulação editorial, apresenta um modelo de narrativa atípico na produção literária contemporânea e, consequentemente, um campo repleto de novas possibilidades de recursos de narrativa que, talvez, ainda não tenham sido estudados, analisados e sistematizados.

GRUPO C

1. ASPECTOS DA REANÁLISE SINTÁTICO-SEMÂNTICA DE ‘SEM QUE’

 

 Ana Maria MORAES (UNESP – São José do Rio Preto)

 Profª. Drª. Sanderléia Roberta Longhin

                                                     

Palavras Chave: Gramaticalização; diacronia; mudança.

O objetivo geral deste trabalho é investigar, no quadro teórico da gramaticalização (Traugott; Dasher, 2002; Heine; Kuteva, 2007; Bybee, 2015), aspectos da constituição histórica da perífrase conjuncional ‘sem que’, que no português contemporâneo expressa vários significados, como modo, condição e concessão. Assumindo que ‘sem que’ é fruto de um processo bastante produtivo- mas não puramente analógico- de criação de conjunções nas línguas românicas, os objetivos específicos estão circunscritos à investigação de alguns aspectos da reanálise sintática e da emergência do significado concessivo: 1) descrever, em perspectiva longitudinal, as propriedades sintático-semânticas da preposição ‘sem’, com o propósito de identificar aquelas que favoreceram a incorporação progressiva da proposição que e a consequente reanálise como perífrase conjuncional; e, 2) mapear, em perspectiva longitudinal, os contextos de uso da perífrase ‘sem que’, com o propósito de identificar, nos estados da língua, o quando da constituição do valor concessivo e os traços contextuais que tenham favorecido a reanálise do significado. Para atingir os objetivos propostos, as construções com ‘sem que’ são investigadas em textos escritos de diferentes gêneros textuais, produzidos em um período que cobre sete séculos da história da língua portuguesa: século XIV ao XX/XXI. Assumiremos uma equivalência entre séculos e sincronias, de modo que a descrição e análise serão operacionalizadas em sete sincronias. Para cada texto do corpus serão descritos, quantitativa e qualitativamente, todos os contextos de funcionamento da preposição (e conjunção) ‘sem’, considerando traços gramaticais e traços semânticos do predicado e do elemento regido pela preposição com o propósito de verificar a existência de alguma correlação cronológica entre os usos da preposição ‘sem’ e a presença do padrão perifrástico ‘sem que’. Ademais, é esperado que a pesquisa responda quando e em que contextos emerge a acepção concessiva de ‘sem que’.

 

2. O TERROR NO CONTO “O NEVOEIRO”, DE STEPHEN KING

 

 Daniela Brandão dos Reis ALVES (UNESP – São José do Rio Preto)

 Prof. Dr. Arnaldo Franco Junior

 

Palavras-chave: Conto de terror; O Nevoeiro; Análise; Interpretação.

Os objetivos do seguinte projeto são: analisar e interpretar o conto “O nevoeiro”, de Stephen King, em seus vínculos com o gênero terror; desenvolver a interpretação tanto com base na análise descritiva imanente como com base em textos de teoria e crítica literária e, também, estudos significativos da fortuna crítica de Stephen King. Para tanto, está sendo feita uma análise da estrutura narrativa do texto, investigando suas relações com os efeitos próprios do gênero terror. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa e análise do conto foram: leitura do conto, leitura e fichamento dos textos teóricos acerca da literatura do gênero terror. Para o desenvolvimento do projeto de pesquisa foram utilizados os conceitos teóricos, sobre o gênero horror, de LOVECRAFT em O Horror Sobrenatural na literatura, também de KING em Sobre a escrita a arte em memórias. Para elaboração da análise descritiva e interpretativa do conto foram utilizados os conceitos teóricos de FRANCO JR em Operadores da Narrativa. O conto “O Nevoeiro”, de Stephen King, conta a história de um misterioso nevoeiro que toma conta de uma pequena cidade do estado do Maine, nos Estados Unidos. De dentro desse nevoeiro surgem criaturas monstruosas que atacam todos que estejam expostos ao nevoeiro, por isso um grupo de pessoas acabam ficando confinadas em um supermercado aguardando o fim do nevoeiro, tentando sobreviver à essa situação inesperada e é dentro do supermercado que ocorrem, grande parte, dos conflitos dramáticos do conto. Este trabalho busca, analisar as características tanto do gênero terror como a forma como este gênero é abordado e desenvolvido em “O nevoeiro”, de Stephen King. A importância desse gênero literário é evidente na literatura desde o século XIX, evidenciando-se, também, no fato de que muitas obras literárias ganharam e ganham versões cinematográficas – caso em que também se enquadra Stephen King.

GRUPO D

1. GRAUS DE GRAMATICALIDADE DE “EM CASO(S) DE” E “NO(S) CASO(S) DE(O)(A)”

 

 Raissa Tavares NIZA (UNESP – Campus de São José do Rio Preto)

Profª. Drª. Sanderléia Roberta Longhin

 

Palavras-chave: Mudança; Sincronia; Condicionalidade;

 

O presente trabalho tem como objeto de investigação as construções preposicionais com núcleo nominal: em caso(s) de e no(s) caso(s) de(o)(a). A partir de uma perspectiva sincrônica, buscamos apreender índices de mudança por meio da avaliação de graus de gramaticalidade relativos às construções. Como material de investigação, tomamos textos escritos prescritivos, produzidos ao longo do século XX, mais especificamente textos que tratam de legislações. Para esta apresentação, nosso objetivo é responder às seguintes questões: Como as diferenças formais e semânticas entre as construções mobilizadas por em caso(s) de e no(s) caso(s) de(o)(a) podem ser explicadas à luz de graus diferentes de gramaticalidade?; e, Considerando que no(s) caso(s) de(o)(a), diferentemente de em caso(s) de, pode reger um nome, uma oração não-finita ou finita, o que fundamenta as diferenças de regência entre as perífrases? Os procedimentos metodológicos para responder às questões são: na primeira, consideramos o teste da paráfrase com se houver juntamente com pistas contextuais, para avaliar as ocorrências em caso(s) de e no(s) caso(s) de(a)(o) que apresentam leitura [+condicional] ou [–condicional]. Na sequência, avaliamos a presença de determinantes, de modificadores e de morfema plural, e a relação entre esses fatores e a acepção ±condicional da construção. Os dados obtidos até o momento confirmam a expectativa inicial de que as construções que expressam condição sejam menos composicionais. Para a segunda questão, partimos da classificação das ocorrências de em caso(s) de e no(s) caso(s) de(a)(o) conforme o tipo de complemento – nominal, oracional não-finito e finito – e investigamos se o tipo de regência está correlacionado às construções que preservam traços da fonte nominal, a saber, a flexão de número e a presença de determinante. Os resultados parciais reforçam a hipótese de que a presença ou ausência desses traços moldam a semântica de caso, o que traz implicações para as relações de regência.

2. VIOLÊNCIA E LITERATURA NO CONTO FELIZ ANO NOVO, DE RUBEM FONSECA

 Amanda Quitério de GOIS (UNESP – São José do Rio Preto)

 Prof. Dr. Arnaldo Franco Junior

 

Palavras-chave: Rubem Fonseca, Literatura, Violência.

 

O conto Feliz Ano Novo, inicialmente publicado no ano de 1975 na obra que leva seu nome, aborda diferentes motivos, como a agressão, a brutalidade, a miséria (tanto no sentido financeiro quanto no sentido emocional) e a sexualidade – todos vinculados às grandes metrópoles brasileiras, aos indivíduos pouco humanizados que as habitam e à violência, tema do conto. O estudo desse, portanto, tem por objetivo buscar justificativas para as formas de violência existentes em uma obra marcada pela ausência do idealismo utópico, atrelando esta abordagem ao fato de que a violência pode ser vista como forma de escapismo e como um fator que está além dos valores morais estabelecidos na sociedade: ela é um fator social que, por meio de dados históricos e filosóficos, pode ser classificada como uma consequência de diferentes causas, entre elas a solidão das grandes metrópoles e a tentativa de escapar de uma realidade sufocante conduzida pela cultura estabelecida para as grandes massas. A hipótese norteadora do estudo é a ideia de que o conto possui a capacidade de tirar o poder de discernir a moralidade do senso comum, mostrando ao leitor o que existe por trás da violência e brutalidade das personagens: há fatores sociais, econômicos e culturais que envolvem pobreza e riqueza, solidão e relacionamentos supérfluos, o que somos e o que aparentamos ser, entre outros contrastes característicos da vida nas grandes metrópoles brasileiras. Essa perturbação do binarismo moral, que divide o mundo em Bem e Mal, é fundamental para a construção de uma perspectiva crítica sobre o Brasil contemporâneo.

GRUPO E

1. AS ORAÇÕES CONCESSIVO-CONDICIONAIS POLARES NO ESPANHOL FALADO: UMA ABORDAGEM DISCURSIVO-FUNCIONAL

 Aline Aparecida ARANTES (UNESP – São José do Rio Preto)

 Profª. Drª. Talita Storti Garcia

Palavras-chave: Orações concessivo-condicionais; polar; Gramática Discursivo-Funcional; espanhol.

Esta pesquisa consiste em investigar, à luz da Gramática Discursivo-Funcional, os tipos de polaridade utilizados pelos falantes no espanhol peninsular e as motivações funcionais das estruturas concessivo-condicionais polares a fim de verificar: i) em que nível e camada ocorrem essas relações e ii) que tipos de estruturas são passíveis de alternância. No rol das concessivas impróprias encontram-se as orações condicionais-concessivas (KÖNIG, 1985, 1986, 1994, 1995; (VAN der AUWERA; KÖNIG, 1988) ou concessivo-condicionais (HASPELMATH e KÖNIG, 1998), que consistem, segundo tais autores, em orações híbridas, pois com as concessivas, compartilham a característica de descreverem eventos que contrariam a expectativa do ouvinte, e com as condicionais, compartilham a propriedade da hipoteticidade, o que resulta em uma estrutura semi-factual. Segundo Flamenco García (1999) e Haspelmath e König (1998), as concessivo-condicionais polares caracterizam-se pelo fato de o significado concessivo derivar de sua configuração sintática, quando apresentam duas alternativas possíveis, como em: Si le agrada como si no le agrada, pienso comprarme este abrigo (FLAMENCO GARCÍA, 1999, p. 3846), em tradução nossa, se lhe agrada ou se não lhe agrada, penso em comprar este abrigo. Como universo de pesquisa é utilizado o corpus do projeto PRESEEA (Proyecto para el Estudio Sociolinguístico del Español de España y de América), especificamente os inquéritos de Alcalá de Henares, Espanha. Para atingir os objetivos de pesquisa, tais fatores são considerados: i) tipo de esquema alternativo, ii) níveis e camadas das estruturas envolvidas, iii) tempo e modo verbal das estruturas envolvidas, iv) factualidade das estruturas envolvidas, v) ordem de ocorrência da oração concessivo-condicional polar e vi) acidentes prosódicos entre as estruturas. Os resultados parciais mostram que essas estruturas podem ser perfeitamente caracterizadas em termos de níveis e camadas e que tendem a atuar nas camadas mais altas de cada nível. (Apoio: CNPq - Processo 157955/2017-6)

2. A PERSONAGEM FEMININA EM CIRANDA DE PEDRA, DE LYGIA FAGUNDES TELLES

 Patrícia Oliveira CARVALHO (UNESP – São José do Rio Preto-SP)

 Prof. Dr. Arnaldo Franco

Palavras-chave: Ciranda de pedra; Lygia Fagundes Telles; Representações femininas; Romance.

 

Esta pesquisa tem por objetivo realizar uma leitura, análise e interpretação do romance Ciranda de pedra (1954), primeiro romance escrito pela autora Lígia Fagundes Telles, cuja publicação representou um marco em sua carreira. Considerado por Bosi (1988) como um “romance de tensão interiorizada”, a obra caracteriza-se por dar continuidade à ficção intimista que já havia dado indícios nos anos 30-40 do séc. XX, na qual a autora busca escavar “os conflitos do homem em sociedade, cobrindo com seus contos e romances-de-personagens a gama de sentimentos que a vida moderna suscita no âmago da pessoa” (ibid, p. 437). O estudo privilegiará a representação das principais personagens femininas do romance e, além disso, abordará a forma como a autora expõe e aborda temas-tabu, principalmente para a época em que foi escrito (década de 50 do séc. XX), tais como o suicídio, a homossexualidade feminina, a loucura, a impotência masculina e a crise da família burguesa baseada no patriarcalismo. Outros elementos que ganharão destaque em nosso estudo serão o trabalho de escrita realizado pela autora na construção do romance e, também, as figuras de linguagem predominantes na obra. Investigaremos, portanto, como os planos temático e formal contribuem para criar o universo ficcional da narrativa. Este estudo, por fim, se desenvolverá apoiando-se na fortuna crítica já existente sobre Ciranda de pedra e a obra literária de Lygia Fagundes Telles, nos estudos sobre o gênero romance e, também, nos estudos sobre as mulheres na sociedade brasileira.

GRUPO F

1. A PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

 

Leonardo FERRAZ (UNESP – São José do Rio Preto)

Prof. Dr. Edson Rosa Francisco de Souza

 

Palavras-chave: variação linguística; ensino de língua materna; sociolinguística educacional.

 

A língua é um organismo vivo que está submetido a fatores linguísticos (contexto morfossintático, etc.) e extralinguísticos (como idade, sexo, região geográfica, classe social, etc.). Como consequência disso, ocorre uma diversificação dos elementos constitutivos da estruturação da língua, que conhecemos como variação linguística. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar as contribuições de um conjunto de pesquisas realizadas pelo núcleo FALE (Formação de Professores, Alfabetização, Linguagem e Ensino), sintetizadas pela professora Lúcia Furtado de Mendonça Cyranka e fundamentadas nos pressupostos teórico-metodológicos da sociolinguística educacional acerca da implantação de uma pedagogia que permita a reflexão sobre as diferenças sociodialetais do português brasileiro em três turmas de ensino fundamental de diferentes escolas da cidade de Juiz de Fora (MG). Para a autora, é necessária a inserção de um modelo de ensino que leve em conta a diversidade linguística presente em sala de sala. Considerando essa proposta, o presente trabalho apresenta, em um primeiro momento, uma discussão sobre a definição de pedagogia da variação linguística. Num segundo momento, será apresentada uma análise da relação entre escola e variação linguística e, para tanto, nos apoiaremos nos trabalhos desenvolvidos por Faraco (2008) e Bortoni-Ricardo (2004, 2005). Posteriormente, serão apresentadas as características dos alunos de escolas públicas, chamados aqui de alunos falantes rurais/urbanos, e de escolas particulares, chamados de alunos falantes de variantes prestigiadas, as quais nos revelam a viabilidade e as condições de construção dessa pedagogia da variação. De acordo com a nossa análise, caso essa construção de fato seja possível de ser operacionalizada, buscaremos identificar o ponto de partida para o debate sobre os usos linguísticos com esses grupos distintos. Finalmente, nos debruçaremos sobre o resultado dessa pesquisa e observaremos a opinião da professora sobre a inserção de um modelo que leve em conta a diversidade linguística presente em sala de aula.

 

 

2. LUCÍOLA E LA DAME AUX CAMÉLIAS

 

 Natália Fernanda BERNARDO (UNESP – São José do Rio Preto)

 Profª. Drª. Norma Wimmer

 

Palavras-chave: Literatura Comparada; Literatura; Lucíola; La dame aux camélias.

Este projeto teve como objetivo realizar um estudo de cunho comparatista, a fim de investigar e compreender as possíveis relações entre dois romances: Lucíola (1862) e La dame aux camélias (1848). A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi: leitura dos romances, leitura de textos teóricos sobre literatura comparada e análise comparativa dos dois romances. Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados os conceitos desenvolvidos por SCHÜLER em Teoria do Romance. Também foram consideradas as propostas teóricas acerca da literatura comparada reunidas por CARVALHAL em Literatura Comparada, entre outros. Neste sentido, foram verificados os ecos do romance de Alexandre Dumas Fils no texto brasileiro de José de Alencar, mais especificamente em seu romance Lucíola, publicado em 1862. O Brasil, depois de sua descoberta no século XVI, sofreu grandes influências da Europa em sua formação cultural, artística e literária. Um dos países que deixou fortes marcas nos costumes e na literatura brasileira foi a França. Diversos escritores brasileiros eram leitores das literaturas estrangeiras, principalmente da francesa, cujos escritores e obras eram, muitas vezes, tidos como referência para a busca de uma formação da literatura nacional brasileira. O diálogo entre Lucíola e A dama das camélias é evidente e remete a situações, acontecimentos, personagens e enredos semelhantes. Nos dois romances, os relacionamentos dos casais são problematizados por sentimentos como o ciúme, dificuldade em aceitar as sombras de um passado recente das cortesãs e também por obstáculos de ordem social, que são desenvolvidos por personagens secundários, como veículos do preconceito da sociedade. Este trabalho buscou investigar e compreender as possíveis relações entre os dois romances, analisando as marcas deixadas por Alexandre Dumas na obra do escritor brasileiro José de Alencar assim como as divergências entre as obras.

GRUPO G

1. AS REPRESENTAÇÕES FEMININA E FEMINISTA NA IMPRENSA DE LÍNGUA FRANCESA DO INÍCIO DO SÉCULO XX: TRADUÇÃO E DIFERENÇAS ENUNCIATIVAS

 

 Beatriz Romero da SILVA (UNESP – São José do Rio Preto)

Profª. Dr ª.  Maria Angélica Deângeli

 

Palavras-chave: imprensa; feminina; feminista; representação.

 

O objetivo deste trabalho é realizar a tradução comentada de alguns textos de dois jornais franceses, publicados no início do século XX, de temáticas específicas: um voltado para a impressa feminina e outro, para a imprensa feminista. Trata-se mais especificamente dos periódicos: L’art d’être jolie e La Fronde, ambos datando de 1904, e disponíveis no site Gallica – Biblioteca Digital da Bibliothèque Nationale de France. Tencionamos, primeiramente, a partir da tradução dos textos selecionados, refletir sobre a representação da mulher na imprensa francesa, levando em conta as características precisas de cada jornal. Dessa forma, visamos interrogar a problemática de escritas que se tecem sob um viés “feminino” e “feminista” e, consequentemente, no âmbito deste trabalho, as questões que giram em torno da tradução jornalística. Para tanto nos apoiaremos nos trabalhos de Duarte (2016), de Olivesi (2017) e de Formaglio (2017), os quais dizem respeito à questão da representação da mulher nas imprensas brasileira e francesa. Por outro lado, também serão referências importantes para este trabalho as pesquisas de Hernández Guerrero (2012), Claramonte (2012) e Valdéon (2018) que se voltam para a especificidade da tradução jornalística enquanto escrita que envolve crenças, ideologias, saber partilhado do mundo e de si mesmo. O corpus de nossa pesquisa compreende os jornais acima citados dos quais selecionaremos, em um periódico, rubricas referentes à questão da beleza, da estética e do comportamento dito feminino; em outro, artigos que tratam de problemáticas gerais relativas à educação, às artes e à política.  Cabe ressaltar que, por meio deste trabalho comparativo de tradução, buscaremos, sobretudo, evidenciar as diferenças enunciativas que se manifestam em cada escrita.  Assim, num primeiro momento, nos resultados parciais deste trabalho, o que chama a atenção no jornal L’art d’être jolie é sua função prescritiva, ao passo que em La fronde é a função informativa que domina.

2. UT PICTURA POESIS: MARIA LÚCIA DAL FARRA E GUSTAV KLIMT

 

Helena Baptista MONTEIRO (UNESP – São José do Rio Preto)

 

Palavras-chave: Klint, poesia, interartes, pintura

 

Este trabalho propõe uma leitura de seis poemas do livro Alumbramentos (2011), de Maria Lúcia Dal Farra, sendo eles pertencentes à subparte intitulada “Klimt”. Pretende-se estudar as relações estabelecidas entre a poética da autora e a obra de Gustav Klimt, bem como a correspondência direta (ou não) aos quadros do pintor nos poemas analisados. Interessa também a este trabalho, entender quais os diversos expedientes de que a autora lança mão para referenciar os quadros no interior dos poemas, buscando as correlações e os processos de “tradução”. Para isto, nos baseamos nos conceitos de interartes de Clüver (1997), tomando como ponto de partida Lessing (1998) e seus estudos sobre as fronteiras da poesia e da pintura. Não objetivamos a pesquisa histórica, nem o julgamento de valores entre as relações da poesia e da pintura, que se estendem ao longo dos séculos; tivemos como objetivo apenas a busca dos procedimentos práticos de que lançou mão a autora. Assim, nos baseamos em Candido (2007), na busca dos procedimentos poéticos, e em Neret (1994), na busca dos procedimentos simbólicos do artista. As referências estabelcidas entre as poesias da autora e os quadros do pintor, mostraram-se muito amplas, passando pelo campo semântico, sintático, e, até mesmo visual, em que a autora se utiliza da materialiade do poema para a sua referenciação. A poesia essencialmente referencial em Alumbramentos chama a atenção para os artistas e obras referenciados, mas também para os temas retratados, sendo os mais variados entre si (como as referências o são), mas convergindo sempre para um ponto: a arte e as preocupações da arte ao longo dos séculos. 

Exemplo de painel em pdf e pptx

bottom of page